Tem 15 anos e já furtou uma centena de automóveis. A ‘proeza’ atirou-o para um Centro Educativo durante dois anos, mas o castigo não o emendou. Há um mês saiu em liberdade e voltou a roubar. Foi detido quinta-feira pela GNR de Porto de Mós e confessou ter furtado 14 viaturas.
Uma colher de sopa é suficiente para Nélson S. pôr um carro a trabalhar. Conhecido desde os 12 anos pos este tipo de crimes, praticados entre Porto de Mós e Vila Franca de Xira, o adolescente caiu de novo nas malhas da Justiça.
Saiu em Junho do Centro Educativo dos Olivais, em Coimbra, e em pouco mais de um mês furtou 14 automóveis, que usou para se deslocar entre Alcanena e Porto de Mós, onde tem família.
Quinta-feira, ao início da tarde, a GNR de Porto de Mós apanhou-o em flagrante, ao volante de um dos veículos de que se apoderou. Foi detido sem oferecer resistência.
No posto, acabou por confessar a autoria dos cimes. Sete na zona de Porto de Mós e os restantes na área de Alcanena.
Nélson tem um longo historial por crimes de furto. E escolhe sempre os mesmos modelos: Fiat Uno e Honda Civic.
Fruto da experiência, abre-os em poucos minutos com recurso a uma chave falsa, uma vareta ou uma colher. Por norma, usa-os até gastar o combustível.
Quando começou a ser apanhado pela polícia, o Tribunal enviava-o para a Casa da Alameda, em Lisboa. Mas mal os agentes viravam costas, abandonava a instituição (que era de regime aberto) e voltava ao mundo do crime. Só de uma vez, confessou à GNR ter furtado 27 viaturas em pouco mais de uma semana.
Andou nove meses em fuga, até que, em Junho de 2006 , um juiz do Tribunal de Menores de Vila Franca de Xira lhe aplicou uma medida cautelar de guarda, equivalente à prisão preventiva.
Esteve internado durante dois anos. Saiu e voltou a furtar. Ouvido em Tribunal, o juiz mandou entregá-lo à família.
PORMENORES
FAMÍLIA
Nélson S. nasceu no Entroncamento no seio de uma família problemática. O pai, toxicodependente, morreu na prisão. A mãe nunca lhe deu atenção.
REGRAS
O menor não sabe ler nem escrever. Cresceu num ambiente de extrema pobreza e exclusão social e sempre gostou de andar na rua, sem regras.
LIDERANÇA
Apesar da idade, Nélson revela capacidades de liderança. Aos 13 anos foi apanhado a conduzir um carro roubado quando transportava dois amigos mais velhos, de 15 e 20 anos.
FIXAÇÃO
O adolescente tem uma fixação por automóveis. Aprendeu a conduzir sozinho e não resiste a furtar uma viatura sempre que precisa de deslocar-se. "Não gosta de andar a pé", justifica a família. Os amigos tratam-no por ‘Japonês’ por ter os olhos rasgados, como os asiáticos.