Zonas ficarão a cerca de 10 kms dos locais das provas
China cria áreas específicas para manifestações durante os Jogos Olímpicos
25.07.2008 - 18h07 Lusa
O Governo chinês vai criar três zonas específicas para a realização de protestos e manifestações durante os Jogos Olímpicos Pequim2008, onde garante que os manifestantes podem agir livremente, desde que tenham pedido uma autorização oficial.
As três zonas são jardins longe dos locais onde decorrem as provas olímpicas, segundo uma reportagem divulgada no canal de televisão estatal CCTV, mas só o facto de existirem leva alguns observadores mais optimistas a acreditar que a China poderá estar a relaxar um pouco as regras do país que proíbem qualquer manifestação.
No entanto, as autoridades chinesas avisaram já que os locais de manifestação só vão existir durante o período dos Jogos Olímpicos, que decorrem em Pequim entre 8 e 24 de Agosto.
"Durante os Jogos, e para assegurar a fluidez do trânsito, um bom ambiente e uma boa ordem social, convidamos os participantes que queiram se manifestar a fazê-lo nos locais designados", afirmou Liu Shaowu, director de segurança da organização da prova mundial.
"Se fizerem um pedido oficial e esse pedido for aprovado, a polícia chinesa pode proteger os direitos dos participantes", disse Liu em conferência de imprensa.
A China não divulgou mais pormenores relativos à organização das manifestações, nomeadamente se a participação está aberta a cidadãos chineses e quais as restrições que se vão aplicar aos protestos.
Respondendo a perguntas de jornalistas sobre as condições que se aplicam às manifestações, Liu Jianchao, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, afirmou apenas que "a resposta é simples, basta ver a Lei das Manifestações e Protestos da China".
Os três locais de manifestação ficarão a mais de 10 quilómetros dos principais recintos olímpicos e dos centros de imprensa, o que contribui, entre outros motivos, para o cepticismo dos activistas de defesa dos direitos humanos.
"É um disfarce para esconder o facto que as pessoas não são livres de se manifestar na China. Para as audiências televisivas estrangeiras vai criar a impressão de que as manifestações são permitidas na China, mas as audiências domésticas nunca as vão ver", considerou, em declarações à imprensa internacional, Nicholas Bequelin, da Human Rights Watch, organização não-governamental com sede em Nova Iorque.
"A ideia restringe também ao direito ao protesto, porque é obrigatório fazê-lo dentro das fronteiras definidas pelo governo", acrescentou.
Com o aproximar dos Jogos Olímpicos, é notório o esforço chinês para garantir o controlo sobre a população de Pequim, incluindo a instalação de um lança-mísseis terra-ar perto dos recintos onde vão decorrer as principais provas.
Medidas menos drásticas incluem a proibição de concertos ao ar livre, a obrigação do fecho das esplanadas, o fecho de pequenas lojas e restaurantes e mesmo o encerramento e o patrulhamento constante dentro de bares e discotecas.
A organização levantou também cercas e pontos de segurança perto da Aldeia Olímpica e colocou polícias armados e cães a patrulhar 24 horas por dia o aeroporto e as quatro principais estações de comboios de Pequim.
Jornal Publico deixo o link abaixo
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1336592&idCanal=56