Um dos neonazis que ficou com pena suspensa no processo cujo acórdão foi lido, esta sexta-feira, em Monsanto é um dos acusados no processo sobre a profanação de um cemitério judaico em Lisboa em Setembro de 2007, soube o JN.
A acusação referente ao caso foi concluída pela área de crime violento e organizado do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP), a cargo da procuradora Cândida Vilar, o departamento que investigou o processo que levou agora à condenação de Mário Machado.
O arguido, Carlos Seabra, 25 anos, era acusado no processo ontem decidido pelos crimes de discriminação racial, ofensa à integridade física e detenção de arma proibida, mas saiu com a pena suspensa por cinco anos por não ter cadastro.
O mesmo indivíduo está agora, de novo, acusado de discriminação racial e também por 17 crimes profanação de lugar fúnebre, supostamente praticados no cemitério judaico de Lisboa, a 25 de Setembro de 2007. Na altura, o caso revoltou toda a comunidade judaica e levou mesmo o Governo português - que visitou o cemitério - a tomar posição, tendo em conta o choque provocado pelos actos de vandalismo e racismo.
Com Carlos Seabra aparece também outro arguido, J.D., de apenas 17 anos. U e outro foram detidos na sequência de investigações da Direcção Central de Combate ao Banditismo (DCCB) da Polícia Judiciária, que tivera a seu cargo o processo de Mário Machado.
Carlos Seabra já era referenciado pela DCCB, enquanto J.D. era dos mais jovens recrutados da Hammerskin Portugal. O ataque ao cemitério era uma espécie de teste à integração do jovem na organização, uma situação habitual e que está na origem de outros incidentes violentos anteriores, inclusive um ataque em Peniche, há três anos.
A acção dos dois arguidos já estava assim bem referenciada, mas foi mantida, não obstante as acções que entretanto a DCCB e o DIAP já tinha executado contra o núcleo duro dos Hammerskin, onde se integrava Carlos Seabra. Quanto a J.D., chegou a visitar Mário Machado na cadeia, tendo este escrito duas cartas, em Abril e Maio de 2007, onde tratava o jovem por afilhado.
Nas buscas realizadas pela DCCB, foi analisado o computador de J.D. e descobertas fotografias onde o jovem surge ladeado vários dirigentes do Hammerskin e com outros elementos neonazis, como Carlos Seabra, e a fazer a saudação nazi. Carlos Seabra teria assim um ascendente sobre J.D. e tornou-se conhecido no site do Forum Nacional pelo "nickname", "Lobo nazi". Também no Youtube, Carlos Seabra surge em várias fotos arrancando um cartaz da CDU e vestindo uma blusa com a suástica.
O ataque ao cemitério judaico ocorreu cerca das 22 horas de 25 de Setembro de 2007, com os dois arguidos a escalarem o muro do espaço religioso. O primeiro alvo foi uma campa recente, cuja terra foi remexida. A seguir defecaram em cima da estrela de David, e depois gravaram suásticas em 17 campas , removendo também pedras que constituem também símbolos judaicos.
http://jn.sapo.pt/paginainicial/policia/interior.aspx?content_id=1022040